Com Daniel B Chavez, Dani d’Emilia, Michèle Ceballos, Saul Garcia Lopez.
Photography & Editing (Fotografia & Montagem): Roderick Steel
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A performance “Spiritus Mundi V.S Aztec Ouroborus”, do coletivo La Pocha Nostra, choca pela subversão presente em seu formato e conteúdo. Realizada na II Bienal Internacional de Teatro da USP, a ação passa um bisturi nas normatividades e atende à emergência de um olhar outro sobre as complexidades identitárias. Integrando aspectos da música; do teatro; da dança; das artes plásticas e da poesia, a metodologia dos artistas: Saul Garcia Lopez, Michele Ceballos Michot, Dani d’Emilia e Daniel B.Chavez, é elaborada a partir de estudos sobre novas possibilidades de ressignificação do corpo.

Distribuída entre instalações no galpão do Centro Compartilhado de Criação, — espaço cultural que pertence ao ator Caco Ciocler e ao produtor Ricardo Grasson — a performance acabou sendo adaptada como extensão de um workshop dado pelos próprios integrantes do La Pocha Nostra entre os dias 6 e 11 de dezembro. Segundo d’Emilia, a intenção inicial não era integrar as atividades laboratoriais de imersão no produto final do espetáculo, mas a participação dos artistas selecionados para os encontros foi inevitável na obra.

Em “Spiritus Mundi V.S Aztec Ouroborus”, o público, convidado constantemente a questionar as convenções moralistas de gênero, sexo e cultura enquanto transitavam pelas atividades simultâneas da apresentação, pôde perceber que a atmosfera criada pelos integrantes do La Pocha Nostra rendeu diante da iminência de uma atividade artística que integra e é integrada organicamente pelos performers e espectadores. Sendo assim, ao mesmo tempo em que a ação desloca, ela acolhe e liberta contra a violência dos privilégios de certos grupos sociais que têm mais direitos sobre outros. Tudo com uma marca estética “robótico-barroca / cyborg-kitsch”, clássica e pós-moderna, deveras oportuna num jogo entre identidade e entidade quando elementos tecnológicos se intercalam com ritos xamânicos no espetáculo.

O grupo trans-nacional-genêro-sexual do La Pocha Nostra foi mais uma pertinente provocação na II Bienal Internacional de Teatro da USP. Em tempos de implosão e exposição da misoginia; da homofobia; do racismo e de outros preconceitos, nada melhor do que a arte re-existente para soprar os ventos de um devir necessário.
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